domingo, 24 de outubro de 2010

Espirito divino com coração de lobo feroz

Por mais que nós tentemos desviar a atenção para as qualidades do coração, temos um corpo animal e instinto de sobrevivência.

O lobo selvagem, quando o alimentamos, torna-se um amigo, um cão fiel. Mas, quando a fome aperta, o amigo fiel pode tornar-se num predador implacável, rosnando determinado de volta da sua presa, até a conseguir dominar e o sangue da presa vencida lhe esguichar para o focinho. E a guerra continua, na disputa da caça, no seio da matilha, que é governada pela lei da força.

Ao olhar para o lobo selvagem, a lutar pela sobrevivência, o que me incomoda não são as leis da natureza, criadas pelo nosso Pai de infinita bondade. O lobo selvagem não tem consciência do mal e do bem, está bem enquadrado no seu mundo. O que me assusta é ver em nós os mesmos, seres humanos, a ferocidade do lobo selvagem esfaimado, com a agravante que o fazemos mesmo com a barriga cheia.

E pergunto-me: quem sou eu? Será que eu sou um lobo disfarçado de cordeiro? Será que, em caso extremo, eu me transformo numa besta feroz, como o lobo esfaimado? Se, na alimentação, sou efectivamente predador, pouco ou nada posso fazer, em relação a isso. Há quem diga que podemos ser vegetarianos, talvez...Mas, sinceramente não estou muito preocupado com isso, por enquanto.

Contudo, não é que nos entra pela boca, ou seja, a alimentação, que faz de nós bestas selvagens, mas o que sai da mesma.

Não é o que fazemos por estar esfaimados que nos caracteriza como seres maus e ferozes. Nós vamos muito mais longe. Nós somos violentos mesmo quando temos a barriga bem cheia, quando temos infinitamente mais do que o estritamente necessário para sobreviver. E, quando se trata de falar das feras da Terra, de imediato nos esforçamos para nos distinguirmos delas, como se fossemos ovelhas inocentes. Tal qual lobos com pele de cordeiro.

Ao olhar para a violenta figura dos lobos raivosos de volta das suas presas, comparo-a com a minha própria figura, e vejo a distância tão grande que me separa dos mundos em que a lei divina é a lei que Jesus nos ensinou: o amor entre todos, a solidariedade fraterna. E tenho vontade de dizer em prece:

- Obrigado meu Deus, pela Vossa misericórdia, pelo Vosso amor paternal. Se não fosse isso, o que seria de mim? O que seria de nós?

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ao contrário do Robin dos Bosques

Já há muito tempo que o povo português, em conjunto, está a ser mal tratado pelos governantes. Mas quem os escolheu, em eleições imparciais, foi o povo. Quem assim fez não tem de se queixar das suas próprias decisões. Quem não votou neles, deve respeitar as regras da democracia, se a quer manter (e se é que ela ainda existe...).

Mas isso não dá o direito ao governo de tratar de forma injusta e cruel aqueles que mais precisam da protecção da sociedade, e, paralelamente, a dar grandes privilégios aos que não necessitam de privilégios, pois são poderosos e têm acesso aos melhores advogados da praça.

Exigir o sacrifício da saúde e/ou a fazer passar fome aos mais necessitados, para dar aos mais ricos e/ou gastar em futilidades dispensáveis não é apenas falta de caridade, é um crime de excesso de confiança e a apropriação ilegítima do poder do povo, em beneficio dos futuros patrões (as grandes empresas que empregam os políticos) e dos amigalhaços.

Apropriar-se de fundos das segurança social , que são de quem para eles descontou, é um roubo muito grave.

Espero que o meu povo aprenda a deixar de ser manipulado pela comunicação social, que quer é discórdia, para vender mais, e que deixe de ser tão egoísta, unindo-se pacificamente, em torno dos seus próprios interesses, sem se deixar dividir por partidarismos.

E espero, também, que não passemos a ser um povo violento, como vemos em outros países, a estragar e a vandalizar automóveis, lojas e tudo o que aparece pela frente, a matar policias e civis, etc.. A voz da brutidade é a voz dos brutos. Quem não quer ser lobo, que não lhe vista a pele.

As palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros, apontam para a união. A união faz a força e apela ao interesse comum, enquanto as divisões partidárias servem outros interesses que não os do povo. Não continuemos a dar "pérolas a porcos". Os partidos têm que existir, mas para servir o povo, e não o oposto.

A quem ler isto, eu peço que divulgue a mensagem de união pacifica, este apelo à lucidez das massas, compreendendo que a divisão serve os seus interesses e o interesse dos seus filhos e netos. Este apelo pode ser ingénuo, da minha parte, mas é a minha obrigação espirita. Não nos podemos conformar, em caso algum, com o ataque aos parcos bens e direitos dos mais desfavorecidos da sociedade.

A democracia portuguesa está ferida de morte. A lei, em Portugal, é roubar aos pobres para dar aos ricos. Pergunto quem simpatizaria com o Robin dos Bosques, se a história fosse ao contrário?

domingo, 12 de setembro de 2010

Vamos hoje falar em recompensas. Em castigos já há muito quem fale.

É difícil ao homem materialista (que não crê em nada para além da matéria) e carnal, imaginar a felicidade sem os gozos da matéria.

Contudo, se analisarmos a nossa vida, quais foram os verdadeiros momentos de felicidade? Haverá um prazer maior do que sentir o afecto que existe entre a nossa alma, e a daqueles a quem amamos?

Por melhor que sejam uns momentos de sexo, um manjar especial, que nos apetece repetir sem parar, quem trocaria isso pelo afecto da alma, pelos seus filhos, pelos seus pais? Pelo seus irmãos de sangue? Só quem não é amado e não ama pode estar impedido de compreender esse prazer divino, que é o amor verdadeiro, que vai muito para além da atracção e interesse material, é que poderá pensar assim.

Que diriam de um mundo em que todos têm afecto por todos, como se todos fossem familiares estimados? Em que a beleza de paisagens incomparavelmente mais belas do que a mais extasiante paisagem da Terra são o ambiente normal? Onde as doces melodias envergonhariam o maior dos compositores deste planeta onde habitamos? Onde não há cansaço, nem doença, nem tédio?

Contudo, a verdadeira felicidade é aquela que é descrita pelos espíritos felizes, que retirámos de exemplos de espíritos desencarnados felizes, que falam sobre a experiência do desencarne e do mundo espiritual (retirados do Livro "O Céu e o Inferno" de Allan Kardec). Mas estes são os espíritos que ainda há pouco tempo alcançaram o direito a deixar a Terra, no fim de grande número de encarnações. Desde a situação destes espíritos até à situação dos espíritos puros, ainda há eterna caminhada.

Leia o livro " O céu e o inferno", de Allan Kardec e ambicione à felicidade dos espíritos felizes que ditaram os seus próprios exemplos. Está na hora de pensar menos nos castigos e mais nas recompensas, pois é a perspectiva da recompensa que nos pode motivar a fé, mãe de todas virtudes e do progresso espiritual. Não a fé cega, que não enfrenta os desafios da razão.


SANSO
N

"Eu sou Espírito e a minha pátria é o Espaço, o meu futuro é Deus, que reina na imensidade. Desejara poder falar a meus filhos, ensinar-lhes aquilo mesmo que sempre desdenharam acreditar"

"Vi-me cercado de numerosos, bons e fiéis amigos. Todos os Espíritos protectores que nos assistem, rodeavam-me sorrindo; uma alegria sem par irradiava-lhes do semblante e também eu, forte e animado, podia sem esforço percorrer os espaços. O que eu vi não tem nome na linguagem dos homens."

"Os Espíritos nos ensinam, aí na Terra, que conservam no outro mundo a mesma forma que lhes serviu de envoltório, e é a verdade. Mas, que diferença entre a máquina informe, que penosamente aí se arrasta com seu cortejo de misérias, e a fluidez maravilhosa do corpo espiritual!"

"Sabei que a felicidade, como vós outros a compreendeis, não passa de uma ficção. Vivei sabiamente, santamente, pela caridade e pelo amor, e tereis feito jus a impressões e delícias que o maior dos poetas não saberia descrever."

"Quanto à nossa fluidez e graças a ela, podemos estar em toda parte sem interceptar o espaço ou produzir quaisquer sensações, se assim o desejamos."

"A vista dos Espíritos não se pode comparar à humana, uma vez que também seu corpo não tem quaisquer semelhanças reais; para eles tudo se transforma na essência, como no conjunto. Repito-vos que o Espírito tem uma perspicácia divina que abrange tudo, podendo adivinhar até o pensamento alheio; também pode oportunamente tomar a forma mais própria para tornar-se conhecido. Na realidade, porém, o Espírito que tem terminado a provação prefere a forma que o conduziu para junto de Deus."

"Não temos motivo para ser de natureza masculina ou feminina:- os Espíritos não se reproduzem. Deus criou-os como quis, e tendo segundo seus maravilhosos desígnios de dar-lhes a encarnação, sobre a Terra, subordinou-os aí às leis de reprodução das espécies, caracterizada pela junção dos sexos. Mas vós deveis senti-lo, sem mais explicação, que os Espíritos não podem ter sexo."

"o ar que respirais, impalpável como nós, estereotipa por assim dizer o vosso pensamento; o sopro que exalais é, mais ou menos, a página escrita dos vossos pensamentos lidos e comentados pelos Espíritos que constantemente se encontram convosco, mensageiros de uma telegrafia divina que tudo transmite e grava."

JOBARD


"Antes de tudo desejo descrever as minhas impressões por ocasião do meu desprendimento: senti um abalo indizível; lembrei-me instantaneamente do meu nascimento, da minha juventude, da minha velhice; toda a minha vida se me retratou nitidamente na memória."

"Depois, o tumulto serenou: eu estava livre e o meu corpo jazia inerte. Ah! meus caros amigos, que prazer se experimenta sem o peso do corpo! quanta alegria no abranger o Espaço!"

"Recordo-me das existências anteriores e sinto-me melhorado, por isso que me identifico com o que vejo, ao passo que, perturbado nas precedentes existências, só me apercebia das faltas terrenas."

"Ainda agora, pouco me tenho ocupado das questões puramente intelectuais, no sentido em que as julgais. E como poderia eu fazê-lo, deslumbrado e aturdido pelo maravilhoso espectáculo que me cerca?

SAMUEL FILIPE

"Oh! vós que me fizestes padecer na Terra; que fostes cruéis e malévolos para comigo, que me humilhastes e afligistes; vós, cuja má-fé tantas vezes me acarretou duras privações, não somente vos perdoo mas até vos agradeço. Intentando fazer mal, não suspeitáveis do bem que esse mal me proporcionaria. É verdade, portanto, que a vós devo grande parte da felicidade de que gozo, uma vez que me facultastes ocasião para perdoar e pagar o mal com o bem. Deus colocou-vos em meu caminho para aferir a minha paciência, exercitando-me igualmente na

prática da mais difícil caridade: a de amar os inimigos."

"Indizível sensação de bem-estar penetrava todo o meu ser, a presença dos que amara alegrava-me sem me surpreender, antes parecendo-me natural, como se os encontrasse depois de longa viagem. Uma coisa me admirou logo: o compreendermo-nos sem articular uma palavra! Os nossos pensamentos transmitiam-se pelo olhar somente, como que por efeito de uma penetração fluídica."

"Ah! pudessem os homens compreender a vida futura, e que força, que coragem esta convicção não lhes daria na adversidade. Quem deixaria então, na Terra, de prover e assegurar-se da felicidade que Deus reserva aos filhos dóceis e submissos? Gozos ambicionados, invejados, tornar-se-iam mesquinhos em relação aos que eles desprezam!"

"O mundo em que me vejo pode fazer com que desdenhe a Terra, mas não os Espíritos nela encarnados. Somente entre os homens é que a prosperidade faz esquecer os companheiros de infortúnio. Muitas vezes venho visitar os que me são caros, exultando com a recordação que de mim guardaram; assisto às suas diversões, e, atraído por seus pensamentos, gozo se gozam ou sofro se sofrem."

VAN DURST

"Não mais homens carnais, porém formas diáfanas, Espíritos que deslizam, que surgem de todos os lados, que vos cercam e que não podeis abranger com a vista, porque é no infinito que flutuam! Ter ante si o Espaço e poder franqueá-lo à vontade! Comunicar-se pelo pensamento com tudo que vos envolve! Que vida nova, meu amigo, nova, brilhante e cheia de ventura!"

"Aqui se vive às claras, caminhando com desassombro, tendo ante os olhos horizontes tão belos que a gente se torna impaciente por abrange-los"

SIXDENIERS

"Permaneci muito tempo sem me reconhecer, mas com a graça de Deus e o auxílio dos que me cercavam, quando a luz se fez, inundou-me. Confia, e encontrareis sempre mais do que esperardes. Nada existe aqui de material; tudo fere os sentidos ocultos sem auxilio da vista ou do tato: compreendeis? É uma admiração, porque não há palavras que a expliquem. Só a alma pode percebê-la.

Bem feliz foi o meu despertar. A vida é um desses sonhos, que, apesar da ideia grosseira que se lhe atribui, só pode ser qualificada de medonho pesadelo. Imaginai que estais encerrado em calabouço infecto onde o vosso corpo, corroído pelos vermes até à medula dos ossos, se suspende por sobre ardente fornalha; que a vossa ressequida boca não encontra sequer o ar para refrescá-la; que o vosso Espírito aterrorizado só vê ao seu redor monstros prestes a devorá-lo; figurai-vos enfim tudo quanto um sonho fantástico pode engendrar de hediondo, de mais terrível, e transportai-vos depois e repentinamente a delicioso Éden. Despertai cercado de todos os que amastes e chorastes; vede, rodeando-vos, semblantes adorados a sorrirem de felicidade; respirai os mais suaves perfumes; desalterai a ressequida garganta na fonte de água viva; senti o corpo palrando no Espaço infinito que o suporta e baloiça, qual a flor que da fronde se destaca aos impulsos da brisa; julgai-vos envolto no amor de Deus qual recém-nascidos no materno amor e tereis uma ideia, aliás apenas imperfeita, dessa transição. Procurei explicar-vos a felicidade da vida que aguarda o homem depois da morte do corpo e não pude. Será possível explicar o infinito àquele que tem os olhos fechados à luz e que não pode sair do estreito círculo que o encerra? Para explicar-vos a eterna felicidade, dir-vos-ei apenas: amai, pois só o amor faculta o pressenti-la, e quem diz amor diz ausência de egoísmo."

O DOUTOR DEMEURE

"Ágil como o pássaro que cruza célere os horizontes do vosso céu nebuloso, admiro, contemplo, bendigo, amo e curvo-me, átomo que sou, ante a grandeza e sabedoria do Criador, sintetizadas nas maravilhas que me cercam. Feliz! feliz na glória! Oh! quem poderá jamais traduzir a esplêndida beleza da mansão dos eleitos; os céus, os mundos, os sóis e seu concurso na harmonia do Universo?"

UM MÉDICO RUSSO

"Tudo que não seja planeta, constitui o que chamais Espaço e é neste que permaneço. O homem não pode, contudo, calcular, fazer uma ideia, sequer, do número de gradações desta imensidade. Que infinidade de escalas nesta escada de Jacob que vai da Terra ao Céu, isto é, do aviltamento da encarnação em mundo inferior, como esse, até à depuração completa da alma! Ao lugar em que ora me encontro não se chega senão depois de uma série enorme de provas, ou, por outra, de encarnações."

BERNARDIN

"Acreditaríeis então que os Espíritos ficassem inactivos? A inacção, a inutilidade ser-nos-ia um suplício. A minha missão é guiar centros espíritas aos quais inspiro bons pensamentos, ao mesmo tempo que me esforço por neutralizar os sugeridos por maus Espíritos"

A CONDESSA PAULA

"Tendes razão, amigo, em pensar que sou feliz. Assim é, efectivamente, e mais ainda do que a linguagem pode exprimir, conquanto longe do seu último grau. Mas eu estive na Terra entre os felizes, pois não me lembro de haver aí experimentado um só desgosto real. Juventude, homenagens, saúde, fortuna, tudo o que entre vós outros constitui felicidade eu possuía! O que é, no entanto, essa felicidade comparada à que desfruto aqui? Esplêndidas festas terrenas em que se ostentam os mais ricos paramentos, o que são elas comparadas a estas assembleias de Espíritos resplendentes de brilho que as vossas vistas não suportariam, brilho que é o apanágio da sua pureza?

Os vossos palácios de dourados salões, que são eles comparados a estas moradas aéreas, vastas regiões do Espaço matizadas de cores que obumbrariam o arco-íris? Os vossos passeios, a contados passos nos parques, a que se reduzem, comparados aos percursos da imensidade, mais céleres que o raio?

Horizontes nebulosos e limitados, que são, comparados ao espectáculo de mundos a moverem-se no Universo infinito ao influxo do Altíssimo? E como são monótonos os vossos concertos mais harmoniosos em relação à suave melodia que faz vibrar os fluidos do éter e todas as fibras da alma! E como são tristes e insípidas as vossas maiores alegrias comparadas à sensação inefável de felicidade que nos satura todo o ser como um eflúvio benéfico, sem mescla de inquietação, de apreensão, de sofrimento?! Aqui, tudo ressumbra amor, confiança, sinceridade: por toda parte corações amantes, amigos por toda parte!

"As ocupações, posto que isentas de fadiga, revestem-se de perspectivas e emoções variáveis e incessantes, pelos mil incidentes que se lhes filiam. Tem cada qual sua missão a cumprir, seus protegidos a velar, amigos terrenos a visitar, mecanismos na Natureza a dirigir, almas sofredoras a consolar; e é o vaivém, não de uma rua a outra, porém, de um a outro mundo; reunindo-nos, separando-nos para novamente nos juntarmos; e, reunidos em certo ponto, comunicamo-nos o trabalho realizado, felicitando-nos pelos êxitos obtidos; ajustamo-nos, mutuamente nos assistimos nos casos difíceis. Finalmente, asseguro-vos que ninguém tem tempo para enfadar-se, por um segundo que seja. Presentemente, a Terra é o magno assunto das nossas cogitações. Que movimento entre os Espíritos! Que numerosas falanges aí afluem, a fim de lhe auxiliarem o progresso e a evolução! Dir-se-ia uma nuvem de trabalhadores a destrinçarem uma floresta, sob as ordens de chefes experimentados; abatem uns os troncos seculares, arrancam-lhes as raízes profundas, desbastam outros o terreno; amanham estes a terra, semeando; edificam aqueles a nova cidade sobre as ruínas carunchosas de um velho mundo. Neste comenos reúnem-se os chefes em conferência e transmitem suas ordens por mensageiros, em todas as direcções. A Terra deve regenerar-se, em dado tempo - pois importa que os desígnios da Providência se realizem, e, assim, tem cada qual o seu papel."

"Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso."

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Planos de Woody Allen para a próxima vida

Woody Allen, à sua boa maneira, fala-nos da sua ambição para a próxima encarnação (ou desencarnação, uma vez que decorre em sentido inverso de uma vida normal, aqui na terra ):

"A minha próxima vida

Na minha próxima vida, quero viver de trás pra frente. Começar morto, para despachar logo o assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir rec
eber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bebé inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - Voila!" - desapareço num orgasmo

Woody Allen"

O texto do nosso pensador é inesperado e estranho, mas extremamente criativo, com humor e energia, sem deixar de manifestar preocupações mais profundas. Enfim, é um excelente trabalho, como outros que lhe conheço. E pode ser interpretado de muitas formas.

O texto pode ser interpretado de muitas formas, mas como este é um site espirita, no sentido da definição de Kardec para esta palavra, saiu-nos esta interpretação que se segue:

- No fundo Allen (ou melhor, Allan Stewart Königsberg) deixa transparecer a sua decepção por estar a chegar à velhice. E também a sua incerteza quanto à morte, que ele queria resolvida logo à nascença, para não sentir esse tormento...

Woody Allen é uma referência na minha vida, pois desde rapazola que me lembro de o ler e ver. Ele ainda pode viver muitos anos, se Deus assim permitir. 75 anos, no estado actual da medicina, e para uma pessoa com recursos, não é o que era há 30 anos ou 40 anos, ou até há 20 . Espero que viva muitos mais, se isso for o melhor para ele. Mas compreendem-se que as suas preocupações pela morte comecem a fazer mais parte dos pensamentos dele.

É pena que não lhe possamos dar a noticia que a morte não existe (de forma que ele fosse capaz de compreender e/ou aceitar), e também que a nossa vida (de espiritos eternos) na realidade corresponde às expectativas do autor do texto, isto é, a felicidade é crescente. Pode estagnar um pouco, por causa da nossa imaturidade espiritual, mas nunca volta para trás.

A nossa imaginação tacanha, antes da morte do corpo dificilmente consegue compreender a enorme diferença entre o que é ser realmente feliz, e a nossa pobre concepção de felicidade. Mas não há problema, isso passa, com o tempo.

Tenhamos pois fé em Deus, na sua infinita bondade, na justiça da nossa vida de espiritos, no amparo incondicional que está constantemente ao nosso dispor, para o nosso bem, que muitas vezes nem percebemos, para podermos sentir o prazer de chegar ao mundo espiritual, como se fosse um orgasmo, mas, desta feita, um orgasmo mental.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O caso "Casa Pia"

Comentário que fiz a este propósito, no Blogue de Espiritismo, concordando com as mensagens que lá foram colocadas pelos autores desse importante e excelente Blogue espirita :

"A função da justiça terrena, a meu ver, é proteger a sociedade das pessoas que, de alguma forma, são perigosas para outras pessoas, e não julgar moralmente.

Os animais selvagens podem ser perigosos para nós, mas não cabe na cabeça de ninguém saudável julgá-los moralmente ou ficar com ressentimentos contra eles.

Para mim os pedófilos, no que diz respeito à doença psicológica que os leva a praticar tais crimes, são como os animais selvagens, pois têm um defeito que prejudica gravemente as crianças. E não podemos fingir que não se passou nada.

Não concordo, todavia, com a lei portuguesa, no que diz respeito à presunção de inocência depois do caso julgado, só por que se interpõe recurso.

Se antes do julgamento é um crime colocar na praça pública o nome de uma pessoa, só por ser arguido, depois do julgamento já não há razão para continuar a presunção de inocência. As circunstâncias são completamente diferentes, nas duas situações. Até porque, de outra forma, estamos a difamar os juízes, alegando que em oito anos não foram capazes de julgar e que estão redondamente enganados, ou, em alternativa, de má fé.

Ainda mais neste caso, pois os arguidos protegidos por advogados dos melhores da praça. Decerto que a sua defesa não foi, nem podia ser negligenciada, ou esquecida. Será que alguém acredita que aquela gente possa estar inocente?

Não julgo moralmente os pedófilos, mas não sei o que teria feito, se um dos meus filhos tivesse sido abusado em criança...

Ficando eles cá fora, após o julgamento, são um mau exemplo para outros pedófilos, para além de continuarem a poder abusar de outros menores. E é um incentivo à justiça pelas próprias mãos, que é uma desgraça para os pais das crianças e para os agressores. Em vez de um crime judicial e moral são cometidos dois. E as crianças são sempre prejudicadas, de qualquer forma..

Não se vingar, nem julgar, não significa negar que se trata de um crime moral.

Jesus aconselha à não vingança, e não à desprotecção dos mais fracos. Uma coisa é muito diferente da outra.

É preciso ser caridoso com os criminosos. Isso quer dizer não os julgar moralmente, não ter uma justiça que sirva de instrumento de vingança, mas não significa que a caridade para com os criminosos deva ser maior do que para com as vitimas.

Não tenho dúvidas, que neste processo, as crianças são o lado mais fraco. E o lado mais forte é que podia manipular a justiça, não o lado mais fraco. Fiquei muito satisfeito com o julgamento, pois o pior que podia ter acontecido é que, ao fim destes anos, ainda viessem a dizer que as vitimas tinham mentido. Felizmente que isso não aconteceu.

Mas estamos num site espirita e não posso deixar de dizer que não posso concordar com a ideia de que a criança escolhida pelo pedófilo seja uma questão de justiça divina, ou um desejo dos espiritos que as animam antes de reencarnar, em face dos crimes que também cometeram.

Se Deus permite que reencarnemos aqui, é porque isso é necessário e útil para nós. E todos, sem excepção, estamos sujeitos à precariedade deste mundo. mas não acredito que, para Deus, sofrer um mal possa compensar um crime cometido no passado.

A diferença entre as pessoas é a forma diferente de reagir aos percalços da vida, e não o facto de alguém estar livre das vicissitudes da vida terrena.

A única forma de compensar um mal que tenhamos feito no passado, é fazendo o bem no presente. Não há outra forma, na minha modesta visão da vida. E, se as vicissitudes atingem algum dos nossos irmãos, o nosso dever é ajudá-los, sejam eles quem forem, criminosos ou vitimas.

Mas não é ajudar uns em detrimento dos outros, porque para Deus nenhuma das suas criaturas é privilegiada ou prejudicada, em relação a outras criaturas. Todos partem de um estado semelhante e todos estão destinados ao mesmo fim, o tempo, mais ou menos longo, para chegar a esse fim, é que depende do nosso esforço

VS

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O código ou imagem neural

Há um cientista brasileiro, conhecido e reconhecido a nível mundial, que nos vem dar uma ideia diferente da neurociência: Miguel Nicolelis.

Nicolelis nada tem a haver com a doutrina espirita, e até se diz ateu. Contudo a abordagem que ele faz do modo como o cérebro se mobiliza para uma determinada acção, é diferente daquela que nos costumam apresentar.

Para que algo seja realizado no nosso corpo, são sempre mobilizados em simultâneo grande quantidade de neurónios, e não apenas determinadas zonas. É captando a actividade eléctrica de um conjunto de 500 neurónios que Miguel Nicolelis consegue que o cérebro de um macaco comande o braço mecânico de um robot. Se a explicação do cientista está certa ou não, não tenho forma de garantir, mas que o braço de robot é comandado pelo cérebro do macaco, é um facto.

A ideia que nos costumam dar é que o cérebro é bem compartimentado, podendo identificar-se com clareza as áreas responsáveis por cada movimento ou comportamento. Mas Nicolelis diz que o que as imagens do cérebro nos dizem é apenas quais as zonas que estão em actividade máxima. Contudo muitas outras áreas concorrem para a realização de um comando cerebral. Nicolelis até usa uma metáfora engraçada para ilustrar a situação. Ele diz que o cerebro é democrático, pois cada coisa que faz é vontade de uma grande quantidade de neurónios em simultâneo, de várias zonas da massa cinzenta.

A linguagem do cérebro, que permite controlar próteses comandadas pelo mesmo, que são um dos objectivos do estudo do citado cientista, é então uma imagem eléctrica de muitos pontos em simultâneo. Grosso modo, é como se fosse uma imagem de TV. Quando olhamos para o ecran, vemos imensos pontos, que são processados pelo nosso cérebro como um conjunto. Chamemos a essa linguagem a linguagem das imagens neuronais, por analogia à TV.

O que é que isto tem a haver com a doutrina espirita?

Isto é consistente que a ligação perispirito-corpo é realizada neurónio a neurónio, pelo menos. A doutrina espirita fala de uma ligação átomo a átomo. A ideia é semelhante: aquilo que é transmitido ao perispirito imagino que seja uma imagem neuronal, ou seja, um conjunto de pontos de informação que, no seu conjunto, fazem sentido, como uma imagem de TV, que tb é um conjunto de pontos, cada um com a sua posição relativa, intensidade e cor, nos faz sentido como um todo. Será que a linguagem neuronal é próxima da linguagem do pensamento?

O que Nicolelis faz com o macaco da experiência é como se fosse uma manifestação física mediunica. Os pensamentos de um animal vão controlar um outro corpo. Neste caso o corpo do robot.


Se as minhas analogias fazem sentido, são disparatadas, forçadas ou pré-maturas, não sei, o futuro o dirá, mas acredito que a investigação de Nicolelis é um caminho que poderá levar a encontrar a evidências cientificas de que existem inteligências extra-cerebrais e até extra-terrenas, e a entender a forma como se comunicam essas inteligências extra-cerebrais, tanto no caso das que estão ligadas a um cérebro físico (encarnados), como no caso das incorpóreas.

Deixamos aqui pistas para o conhecimento do trabalho deste notável cientista:

- Vários vídeos, no Youtube, sobre Miguel Nicolelis

domingo, 29 de agosto de 2010

Experiências de Quase Morte

Eu navegava hoje na Internet quando descobri um artigo que mencionava um nome que marcou a minha adolescência e, quem sabe, toda a minha vida. Efectivamente o Dr. Raymond Mood, Jr., escreveu um livro, com o titulo “Vida depois da vida” que relatava o que hoje chamamos de Experiências de Quase Morte (EQM). Foi publicado pela primeira vez em 1975. Tratava-se de relatos de vários pacientes que descreveram uma experiência consciente na fase em que estavam em paragem cardíaca, o que é comum nos dias de hoje, face às técnicas de reanimação.

As experiências não eram todas igu
ais, mas a maioria dessas pessoas dizia que tinha saído do corpo e que conseguia ver o mesmo, de cima, como se o estivessem a sobrevoar. Viam os médicos e os enfermeiros, de volta do seu corpo e, alguns, registaram ocorrências havidas na sala de operações, que os médicos e enfermeiros confirmaram. Outros referiam-se a viagens fora do corpo em que podiam ver familiares, com quem mais tarde confirmaram que estavam nos locais descritos, naquela hora.Parte das experiências incluíam momentos em que viram a sua vida na Terra em retrospectiva, como se de um filme se tratasse. Curiosamente, no livro “O céu e o inferno”, de Allan Kardec, há um capitulo em que são apresentados relatos da fase do desencarne, de alguns espíritos, em situações diversas. E é também referida esta visão retrospectiva da vida, em alguns casos.

As pessoas referiam-se também a uma
transição, dando como analogia a passagem por um túnel. Depois do túnel alguns encontravam seres de luz, que com eles comunicavam, através do pensamento.

Em regra, as pessoas descreveram uma sensação de calma e de alegria. Alguns queriam ficar por lá, mas os seus corpos reanimaram e eles voltaram aos mesmos. Isto sugere que, em regra, a morte do corpo p
ode ser um alivio para o espírito, tal como é ensinado em “O livro dos espíritos” de Allan kardec.



Em 1975 o assunto era tabu. Ainda hoj
e o é, para alguns, mas hoje os media já vão divulgando muitas coisas sobre a espiritualidade. Para além de que nós nem sabíamos o que queria dizer “Internet”, nessa época. Este instrumento de comunicação tem um peso muito grande e é o meio mais adequado para abordar estes assuntos. Talvez a doutrina espirita aguardasse este meio para se expandir definitivamente.

As EQM têm interessado muitas pessoas, entre as quais o médico e cientista holandês, Pim van Lommel. Em 1988 conduziu um estudo, que incluía 344 pacientes que sobreviveram a paragens cardíacas, com o objectivo de determinar a frequência, as causas e a descrição da EQM


Os resultados foram publicados no n.º 358, páginas 2039 a 2045, do ano de 2001, do jornal cientifico “The Lancet”: clique aqui para ver

Em resumo:

62 pacientes relataram uma experiência de quase morte (EQM). 41 delas de uma forma clara e 17 de uma forma mais superficial.

As pessoas que têm este tipo de experiência, normalmente deixa de ter medo da morte, ficam mais calmas e pacificas. Passam a ver a vida de uma nova forma.

As explicações cientificas, ao nível da biologia não existem. Foram avançadas várias hipóteses, mas nenhuma justifica estas experiências tão intensas num período em que o electroencefalograma das pessoas deixa de registar qualquer actividade cerebral e é uma linha recta.

Deixamos, por fim, alguns relatos, em vídeo, na primeira pessoa

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domingo, 25 de julho de 2010

A última aventura e a maior de todas

Aqueles que são aventureiros, que desafiam a própria morte, como o alpinista português João Garcia, por exemplo, como se preparam para as suas expedições?

Tenho dificuldade em entender a motivação do João Garcia, para ser sincero, mas estou certo de que ele não avança para a aventura sem uma cuidada preparação prévia. Embora saibamos que ele, inevitavelmente, enfrentará o imprevisto, não sobreviveria se não se munisse dos meios necessários, prevendo todos os cenários que a imaginação lhe permite e que a experiência e o estudo complementam. Se assim, não fosse, em vez de aventureiro, ele seria um suicida. As possibilidades de sobrevivência em condições tão hostis seriam nulas.

A morte da carne, seja para quem for, é uma aventura, é sempre uma partida para o desconhecido. Que fazer para o enfrentar? Preparar-se, como o João Garcia, ficar a tremer de medo ou ignorar que temos de dar esse passo?

Uns consideram-se meras máquinas biológicas, ou seja, imaginam-se apenas como corpos de carne. Assumem que não há qualquer imprevisto na morte. Entre esses, uns consagram totalmente a vida aos prazeres da carne.

Até há quem diga: “os prazeres da carne são tudo o que levamos desta vida!” Isso, racionalmente, tem algum sentido? Se eles não acreditam que a vida continua, nada levam, porque a vida cessa, e com ela as lembranças dos gozos carnais. Se acreditam que levam alguma coisa, então é porque estão a assumir que a vida pode continuar, e que se podem lembrar dos seus prazeres (e dos seus sofrimentos – porque haveriam de se lembrar apenas dos prazeres?...). Enfim, esta forma de pensar não é racional e é mesmo absurda.

Mas há aqueles que dizem: não tendo eu provas cientificas, algo confirmado pela maioria da comunidade cientifica mundial, porque razão haverei de pensar que sou mais do que a carne? A esses eu respondo: se a comunidade cientifica não confirma que somos espíritos imortais, também não o desmente. A comunidade cientifica forma as suas teorias com base em factos e provas, não nas crenças/ descrenças dos cépticos ou dos religiosos. Senão a ciência também não seria credível.


Deixo aqui um desafio relacionado com o auto-conhecimento: Podem afirmar, a vós próprios, sem nenhuma ponta de dúvida, que são apenas uma máquina de carne? Que Deus não existe?

Havendo uma ponta de dúvida, por menor que ela possa ser, será que não devemos preparar-nos para a nossa suprema e última aventura neste corpo de carne, como faz o João Garcia, antes de avançar para as suas escaladas?

Não havendo qualquer ponta de dúvida, não haveria motivação para viver. E a vida não faria qualquer sentido, de um ponto de vista racional e lógico. Mas, se as pessoas não têm qualquer dúvida, que podemos nós fazer? Nada! Quem já sabe, já sabe, não precisa de aprender mais, ao contrário de nós espíritas que nos consideramos eternos aprendizes...Não é para essas pessoas este texto.

Se, contudo, temos uma dúvida, ainda que diminuta, é racional enfrentar a morte como a derradeira aventura, preparando-nos para qualquer eventualidade.

As obras básicas de Allan Kardec dão-nos uma perspectiva coerente e racional, que nos pode auxiliar decisivamente nessa preparação.

Muitos poderão, contudo, dizer que se trata de uma mera teoria, sem fundamentos, ou seja, de uma fantasia. Estão no seu direito, não desmentimos ninguém nem queremos impor as nossas ideias. Apenas tentamos passar informação sobre as mesmas.

Os trabalhadores espíritas, que trabalham nas reuniões mediúnicas, por exemplo, conhecem factos concretos, para os quais a doutrina espirita, tal como interpretada nas obras já citadas, oferece uma explicação, que a ciência convencional não oferece. Nada obsta a que o mundo cientifico possa estudar esses factos e explica-los, da mesma forma ou de outra, sem preconceitos, e de forma cientifica. Senão o fazem, é porque aqueles que determinam o que se deve investigar não querem ir por aí.

Se a ciência explicar de outra forma os factos, com base no método cientifico (como se faz, por exemplo, para o estudo da psicologia humana), de forma credível para a maioria da comunidade cientifica mundial, imagino que não hesitarei em abandonar as minhas crenças. Mas, aqueles que tentam desviar a ciência do estudo dos factos que são evidências das coisas do espírito, sejam religiosos ou ateus, não querem aproximar-se da verdade, mas arranjar uma forma de impor as “suas verdades” preconceituosas sem ter de passar pelo crivo do método cientifico.

O estudo das obras de Kardec aclara e vem dar, em nosso entender, um sentido mais profundo e uma perspectiva nova, para compreender as palavras de Jesus de Nazaré. E vem separar a superstição, os rituais e as crendices, da crença espiritual com fundamento racional.

As diligências da espiritualidade para esclarecer a humanidade não começaram, obviamente, com Allan Kardec. O conhecimento vai sendo difundido progressivamente, de forma mais clara, de acordo com o progresso intelectual e moral dos povos da Terra. Mas a mensagem é sempre a mesma, a boa nova de Jesus de Nazaré: a vida é eterna.

Os bons espíritos sempre trabalharam e continuam a trabalhar, pelo nosso progresso, pois eles são os nossos irmãos mais maduros e sábios, ao serviço da Providência. E foram eles que conduziram os trabalhos do matemático e pedagogo Kardec, no séc. XIX. Um dia nós também seremos como eles. Para já, cabe-nos estar aqui, aprender as lições da vida e ganhar novas aptidões, para o nosso próprio bem.

Também nos cabe reparar algum prejuízo que possamos ter causado no passado, com oportunidades fazer o bem a quem, talvez, tenhamos prejudicado em encarnações passadas, e a toda a humanidade, trabalhando de forma útil e honesta, para o progresso da mesma e para o nosso próprio sucesso material e, acima de tudo, espiritual. O interesse do conjunto não é compatível com o egoísmo. A doutrina espirita ensina-nos a cooperar.

Biografia de João Garcia

sábado, 17 de julho de 2010

A cooperação e o altruismo vistos pela ciência

Há ainda pouco tempo, um cientista ainda jovem, Kevin Foster, explicava numa conferência, no Porto:

"A cooperação é uma das formas que a natureza encontra para se valer a si mesma"

E apresentou as suas experiências, mostrando que esta característica chega a um ponto extremo de altruísmo, com células e insectos, como as abelhas, por exemplo, a optarem pelo sacrifício supremo, de forma a garantir a sobrevivência das suas semelhantes.

Foster não foi o primeiro a debater-se com esta questão. Muitos outros o antecederam nestes estudos, e muitos outros se lhe seguirão, decerto. Já o próprio Darwin se sentia desconfortável por não encontrar uma explicação satisfatória, na teoria da evolução e selecção natural das espécies, para o facto de uma parte das abelhas de um enxame não se reproduzir, e se sacrificar com a própria vida, em combate, pelas suas companheiras.

Foster não negou a teoria da evolução e selecção natural das espécies. Apenas refere que a mesma, só por si, não justifica a evolução. É preciso acrescentar-lhe a “cooperação”. E, claro está, explicar o que é que está por detrás dessa misteriosa força.


O fenómeno biológico em estudo já cria bastantes interrogações à ciência.
Mas é completamente insignificante, se comparado com o fenómeno do altruísmo de Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Teresa de Calcutá, etc., etc.

Deixamos, então, aqui, este desafio à ciência: que nos dê a explicação biológica do comportamento dos seres humanos altruístas, como Jesus de Nazaré e muitos outros. Já só para falar nos casos extremos. Porque, para além dos nomes conhecidos, há muitas criaturas altruístas na Terra, a fazer o bem e a evitar o mal, alguns reparando, talvez, a sua própria contribuição nociva anterior, em estados mais imaturos, e, outros, em missão, que já não pertencem a este mundo. Eles são os meus heróis e o contrapeso, sem o qual este mundo seria ainda mais duro do que é.

Até a biologia vem confirmar que o que Jesus nos ensinou é também a chave para a sobrevivência da espécie a que os nossos espíritos estão actualmente associados.

Será que “Amai o próximo como a vós mesmos, e a Deus acima de todas as coisas”, para além do sentido espiritual, pode ter significado em termos biológicos? E será que não é Deus, o Nosso Pai de infinita bondade, que, para além de tudo o mais, é a Suprema Fonte da tal “cooperação”, que Foster constata na biologia e que se pode generalizar, talvez, a todo o universo?


Bem hajam

Por CEDAK.PT: Vítor Santos

Algumas fontes onde se podem encontrar alguns elementos sobre Kevin Foster e sobre os seus estudos


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Apresentação do blog

Conhecer a espiritualidade, de forma racional, sem superstições e sem preconceitos de qualquer espécie, é nosso objectivo.

Para que o conhecimento espiritual seja útil, não basta memorizar a informação: é necessário que o indivíduo a aceite para si e a interiorize. A aceitação deve ser simultaneamente da razão (entender) e do coração (sentir). Primeiro é preciso estudar o assunto, sem preconceitos, e, depois, então, teremos bases para aceitar ou para rejeitar a visão da vida que nos é proposta.

MAS O QUE É ISSO DE ESPIRITUALIDADE?

PODERÁ A ESPIRITUALIDADE SER RACIONAL?

ESPIRITUALIDADE E CIÊNCIA SERÃO INCOMPATÍVEIS?

Conhecimento espiritual não é uma fórmula para ter sucesso material aqui na terra, é antes resposta às velhas questões essenciais:

Quem sou?

O que faço aqui?

De onde venho?

Para onde vou?


Quem ou o que decidiu sobre nossa existência, sobre o seu valor?

Qual o sentido último do Universo e da existência humana?


Kant, lançando as bases da moderna Antropologia Filosófica, resume estas indagações numa só: "Que é o Homem?"

Por mais que procuremos, três caminhos apenas se abrem: da religião, da filosofia e da ciência.

Como nos demonstra a história da humanidade, as teorias científicas evoluem e, mesmo em ciência, não há certezas absolutas. Os mesmos factos podem vir a ser interpretados, no futuro, de outras formas, com base em novas tecnologias e novas perspectivas de abordagem da realidade. Assim acontece também com o conhecimento espiritual, vai evoluindo com a humanidade.

Ao criar este blogue, é nossa intenção fornecer informação e pistas para que o leitor que ainda não se dedicou ao estudo, possa encontrar uma nova perspectiva para a espiritualidade. O julgamento sobre a utilidade e a viabilidade dessa perspectiva cabe ao leitor.

A nossa atenção deve virar-se para uma fé baseada na razão, como fonte segura para se encontrarem as respostas necessárias a tudo o que actualmente nos rodeia. E é unindo a teoria à prática que se fecha o círculo do saber.

Já há 500 anos a.c, Gautama, o Buda, dizia:

Não creiais em coisa alguma pelo facto de vos mostrarem

o testemunho escrito de algum sábio antigo.

Não creiais em coisa alguma com base na autoridade

de mestres e sacerdotes.

Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e,

depois de minucioso estudo, for confirmado pela vossa experiência,

conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas:

A isso aceitai como Verdade.

Por isso, pautai a vossa conduta.”

Sem dúvida que na ausência de factos, a dúvida é a opinião do homem prudente…

Albert Einstein (1879-1955) afirmou:

"A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso, passará pela vida sem ver nada. Estamos começando a conceber a relação entre a ciência e a religião de um modo totalmente diferente da concepção clássica. Afirmo com todo o vigor que a religião cósmica é o móvel mais poderoso e mais generoso da pesquisa científica. A ciência sem a religião é paralítica; a religião sem a ciência é cega."

Pegando também nas palavras de Richard C. Halverson, pastor americano, “No início, a igreja era um grupo de homens centrados no Cristo vivo. Então, a igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia. Depois, chegou à Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura, um negócio.

Não restam dúvidas de que Jesus foi o espírito mais avançado que alguma encarnou na terra. Os evangelhos, que relatam uma parte da sua vida e reproduzem as suas palavras, demonstram a inegável elevação moral e intelectual do autor, nós acreditamos nisso.

Hippolyte Rival, um académico do séc. XIX, matemático e pedagogo, adoptou o pseudónimo “Allan Kardec”. E foi ao descobrir a obra de Allan Kardec (a quem foi dado investigar os fenómenos de natureza espiritual e legando à humanidade uma obra) que se fez luz para nós.

Kardec chamou a essa nova doutrina de Espiritismo, Doutrina dos Espíritos ou Doutrina Espírita.

É necessário estudar Kardec, conhecer Kardec, para viver Jesus. Jesus é o Mestre por excelência e Allan Kardec é o discípulo fiel, já o dizia Bezerra de Meneses.


Nós identificamo-nos com a Doutrina Espírita, mas não com todos os livros espíritas que são publicados, com visões muito diferentes da vida em relação à Doutrina codificada por Kardec, e cuja fonte de credibilidade reside apenas na credibilidade pessoal de alguns, dispensando a rigorosa metodologia de verificação a que essas
obras deveriam ser submetidas antes de serem apresentadas ao público. Não abdicamos da nossa liberdade de pensamento e expressão do mesmo, nem nos sentimos presos a organizações ou a pessoas por se dizerem espíritas.

Já imaginaram se, a ciência, em vez de usar os métodos científicos, começasse agora a admitir que basta a credibilidade pessoal ou profissional do cientista, para validar o conhecimento? As melhores pessoas podem enganar-se e ser enganados. Nem em nós mesmos podemos confiar em absoluto.

E é bom recordar que ser médium não significa ser espírita, nem ser espírita significa ser médium: há médiuns espíritas como os há ateus e de todas as religiões e crenças. Ser espírita é, simplesmente, ser adepto das ideias essenciais da obra de Kardec, ou seja as relacionadas com a espiritualidade, é alguém que encontrou o mapa do tesouro espiritual

A posição espírita em relação à vida, não é mais do que o que ensinou Jesus de Nazaré que, bem interpretado, conduz à solidariedade, à preservação do corpo físico, evitando aquilo que o possa danificar e acelerar a sua inevitável degradação, à compreensão de que o amor, a tolerância, o perdão, a paz são objectivos indispensáveis ao progresso da humanidade.

Moisés lavrou, o Cristo semeou, o Espiritismo vem colher”, não o afirmou Kardec?

O Espiritismo não condena, mas esclarece; não ameaça, consciencializa. E muito mais que revelar o mal que há no homem, tem por objectivo ajudá-lo a encontrar o Bem. Motiva o auto-conhecimento e auto-aperfeiçoamento.

A Doutrina Espírita não é proselitista - não faz questão de conversões - o que ela vem oferecer são novas respostas aos velhos problemas do homem.

O Espiritismo não existe para as pessoas que estão satisfeitas com a sua fé, mas para aqueles que não estão satisfeitos. O Espiritismo é a chave da Bíblia e dos Evangelhos: o Livro dos Espíritos é sequência histórica e desenvolvimento natural da Bíblia. Deve-se concluir que a Bíblia é um erro? Não; mas que os homens se equivocaram ao interpreta-la. O verdadeiro Espírita não é o que crê nas comunicações, mas o que procura aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para o próximo" – Allan Kardec

Mas qual será então o futuro do Espiritismo?

- Léon Dennis, Emmanuel e Wantuil de Freitas respondem, respectivamente,
a esta questão:

"O Espiritismo será o que dele os homens fizerem."

Se o Espiritismo será a Religião do futuro? Não. O Espiritismo será o futuro das religiões.

O espiritismo caminhará com os homens, sem os homens e apesar dos homens…"

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.

O Espiritismo apresenta-se sob três aspectos diferentes:

- O das manifestações, o dos princípios de filosofia e moral que delas decorem, e o da aplicação desses princípios. Daí as três classes, ou antes, os três graus dos seus adeptos:

  • Os que crêem nas manifestações e se limitam a constatá-las: para eles, é uma ciência de experimentação;
  • Os que compreendem as suas consequências morais;
  • Os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.”

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Conclusão, VII)


Bom estudo para todos.


Por
CEDAK.PT: Sérgio Machado

participe enviando-nos os seus estudos para:

cedak.pt@gmail.com

Deixamos a seguir vários filmes que mostram como tudo começou para Kardec: