"A função da justiça terrena, a meu ver, é proteger a sociedade das pessoas que, de alguma forma, são perigosas para outras pessoas, e não julgar moralmente.
Os animais selvagens podem ser perigosos para nós, mas não cabe na cabeça de ninguém saudável julgá-los moralmente ou ficar com ressentimentos contra eles.
Para mim os pedófilos, no que diz respeito à doença psicológica que os leva a praticar tais crimes, são como os animais selvagens, pois têm um defeito que prejudica gravemente as crianças. E não podemos fingir que não se passou nada.
Não concordo, todavia, com a lei portuguesa, no que diz respeito à presunção de inocência depois do caso julgado, só por que se interpõe recurso.
Se antes do julgamento é um crime colocar na praça pública o nome de uma pessoa, só por ser arguido, depois do julgamento já não há razão para continuar a presunção de inocência. As circunstâncias são completamente diferentes, nas duas situações. Até porque, de outra forma, estamos a difamar os juízes, alegando que em oito anos não foram capazes de julgar e que estão redondamente enganados, ou, em alternativa, de má fé.
Ainda mais neste caso, pois os arguidos protegidos por advogados dos melhores da praça. Decerto que a sua defesa não foi, nem podia ser negligenciada, ou esquecida. Será que alguém acredita que aquela gente possa estar inocente?
Não julgo moralmente os pedófilos, mas não sei o que teria feito, se um dos meus filhos tivesse sido abusado em criança...
Ficando eles cá fora, após o julgamento, são um mau exemplo para outros pedófilos, para além de continuarem a poder abusar de outros menores. E é um incentivo à justiça pelas próprias mãos, que é uma desgraça para os pais das crianças e para os agressores. Em vez de um crime judicial e moral são cometidos dois. E as crianças são sempre prejudicadas, de qualquer forma..
Não se vingar, nem julgar, não significa negar que se trata de um crime moral.
Jesus aconselha à não vingança, e não à desprotecção dos mais fracos. Uma coisa é muito diferente da outra.
É preciso ser caridoso com os criminosos. Isso quer dizer não os julgar moralmente, não ter uma justiça que sirva de instrumento de vingança, mas não significa que a caridade para com os criminosos deva ser maior do que para com as vitimas.
Não tenho dúvidas, que neste processo, as crianças são o lado mais fraco. E o lado mais forte é que podia manipular a justiça, não o lado mais fraco. Fiquei muito satisfeito com o julgamento, pois o pior que podia ter acontecido é que, ao fim destes anos, ainda viessem a dizer que as vitimas tinham mentido. Felizmente que isso não aconteceu.
Mas estamos num site espirita e não posso deixar de dizer que não posso concordar com a ideia de que a criança escolhida pelo pedófilo seja uma questão de justiça divina, ou um desejo dos espiritos que as animam antes de reencarnar, em face dos crimes que também cometeram.
Se Deus permite que reencarnemos aqui, é porque isso é necessário e útil para nós. E todos, sem excepção, estamos sujeitos à precariedade deste mundo. mas não acredito que, para Deus, sofrer um mal possa compensar um crime cometido no passado.
A diferença entre as pessoas é a forma diferente de reagir aos percalços da vida, e não o facto de alguém estar livre das vicissitudes da vida terrena.
A única forma de compensar um mal que tenhamos feito no passado, é fazendo o bem no presente. Não há outra forma, na minha modesta visão da vida. E, se as vicissitudes atingem algum dos nossos irmãos, o nosso dever é ajudá-los, sejam eles quem forem, criminosos ou vitimas.
Mas não é ajudar uns em detrimento dos outros, porque para Deus nenhuma das suas criaturas é privilegiada ou prejudicada, em relação a outras criaturas. Todos partem de um estado semelhante e todos estão destinados ao mesmo fim, o tempo, mais ou menos longo, para chegar a esse fim, é que depende do nosso esforço
VS
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