domingo, 25 de julho de 2010

A última aventura e a maior de todas

Aqueles que são aventureiros, que desafiam a própria morte, como o alpinista português João Garcia, por exemplo, como se preparam para as suas expedições?

Tenho dificuldade em entender a motivação do João Garcia, para ser sincero, mas estou certo de que ele não avança para a aventura sem uma cuidada preparação prévia. Embora saibamos que ele, inevitavelmente, enfrentará o imprevisto, não sobreviveria se não se munisse dos meios necessários, prevendo todos os cenários que a imaginação lhe permite e que a experiência e o estudo complementam. Se assim, não fosse, em vez de aventureiro, ele seria um suicida. As possibilidades de sobrevivência em condições tão hostis seriam nulas.

A morte da carne, seja para quem for, é uma aventura, é sempre uma partida para o desconhecido. Que fazer para o enfrentar? Preparar-se, como o João Garcia, ficar a tremer de medo ou ignorar que temos de dar esse passo?

Uns consideram-se meras máquinas biológicas, ou seja, imaginam-se apenas como corpos de carne. Assumem que não há qualquer imprevisto na morte. Entre esses, uns consagram totalmente a vida aos prazeres da carne.

Até há quem diga: “os prazeres da carne são tudo o que levamos desta vida!” Isso, racionalmente, tem algum sentido? Se eles não acreditam que a vida continua, nada levam, porque a vida cessa, e com ela as lembranças dos gozos carnais. Se acreditam que levam alguma coisa, então é porque estão a assumir que a vida pode continuar, e que se podem lembrar dos seus prazeres (e dos seus sofrimentos – porque haveriam de se lembrar apenas dos prazeres?...). Enfim, esta forma de pensar não é racional e é mesmo absurda.

Mas há aqueles que dizem: não tendo eu provas cientificas, algo confirmado pela maioria da comunidade cientifica mundial, porque razão haverei de pensar que sou mais do que a carne? A esses eu respondo: se a comunidade cientifica não confirma que somos espíritos imortais, também não o desmente. A comunidade cientifica forma as suas teorias com base em factos e provas, não nas crenças/ descrenças dos cépticos ou dos religiosos. Senão a ciência também não seria credível.


Deixo aqui um desafio relacionado com o auto-conhecimento: Podem afirmar, a vós próprios, sem nenhuma ponta de dúvida, que são apenas uma máquina de carne? Que Deus não existe?

Havendo uma ponta de dúvida, por menor que ela possa ser, será que não devemos preparar-nos para a nossa suprema e última aventura neste corpo de carne, como faz o João Garcia, antes de avançar para as suas escaladas?

Não havendo qualquer ponta de dúvida, não haveria motivação para viver. E a vida não faria qualquer sentido, de um ponto de vista racional e lógico. Mas, se as pessoas não têm qualquer dúvida, que podemos nós fazer? Nada! Quem já sabe, já sabe, não precisa de aprender mais, ao contrário de nós espíritas que nos consideramos eternos aprendizes...Não é para essas pessoas este texto.

Se, contudo, temos uma dúvida, ainda que diminuta, é racional enfrentar a morte como a derradeira aventura, preparando-nos para qualquer eventualidade.

As obras básicas de Allan Kardec dão-nos uma perspectiva coerente e racional, que nos pode auxiliar decisivamente nessa preparação.

Muitos poderão, contudo, dizer que se trata de uma mera teoria, sem fundamentos, ou seja, de uma fantasia. Estão no seu direito, não desmentimos ninguém nem queremos impor as nossas ideias. Apenas tentamos passar informação sobre as mesmas.

Os trabalhadores espíritas, que trabalham nas reuniões mediúnicas, por exemplo, conhecem factos concretos, para os quais a doutrina espirita, tal como interpretada nas obras já citadas, oferece uma explicação, que a ciência convencional não oferece. Nada obsta a que o mundo cientifico possa estudar esses factos e explica-los, da mesma forma ou de outra, sem preconceitos, e de forma cientifica. Senão o fazem, é porque aqueles que determinam o que se deve investigar não querem ir por aí.

Se a ciência explicar de outra forma os factos, com base no método cientifico (como se faz, por exemplo, para o estudo da psicologia humana), de forma credível para a maioria da comunidade cientifica mundial, imagino que não hesitarei em abandonar as minhas crenças. Mas, aqueles que tentam desviar a ciência do estudo dos factos que são evidências das coisas do espírito, sejam religiosos ou ateus, não querem aproximar-se da verdade, mas arranjar uma forma de impor as “suas verdades” preconceituosas sem ter de passar pelo crivo do método cientifico.

O estudo das obras de Kardec aclara e vem dar, em nosso entender, um sentido mais profundo e uma perspectiva nova, para compreender as palavras de Jesus de Nazaré. E vem separar a superstição, os rituais e as crendices, da crença espiritual com fundamento racional.

As diligências da espiritualidade para esclarecer a humanidade não começaram, obviamente, com Allan Kardec. O conhecimento vai sendo difundido progressivamente, de forma mais clara, de acordo com o progresso intelectual e moral dos povos da Terra. Mas a mensagem é sempre a mesma, a boa nova de Jesus de Nazaré: a vida é eterna.

Os bons espíritos sempre trabalharam e continuam a trabalhar, pelo nosso progresso, pois eles são os nossos irmãos mais maduros e sábios, ao serviço da Providência. E foram eles que conduziram os trabalhos do matemático e pedagogo Kardec, no séc. XIX. Um dia nós também seremos como eles. Para já, cabe-nos estar aqui, aprender as lições da vida e ganhar novas aptidões, para o nosso próprio bem.

Também nos cabe reparar algum prejuízo que possamos ter causado no passado, com oportunidades fazer o bem a quem, talvez, tenhamos prejudicado em encarnações passadas, e a toda a humanidade, trabalhando de forma útil e honesta, para o progresso da mesma e para o nosso próprio sucesso material e, acima de tudo, espiritual. O interesse do conjunto não é compatível com o egoísmo. A doutrina espirita ensina-nos a cooperar.

Biografia de João Garcia

sábado, 17 de julho de 2010

A cooperação e o altruismo vistos pela ciência

Há ainda pouco tempo, um cientista ainda jovem, Kevin Foster, explicava numa conferência, no Porto:

"A cooperação é uma das formas que a natureza encontra para se valer a si mesma"

E apresentou as suas experiências, mostrando que esta característica chega a um ponto extremo de altruísmo, com células e insectos, como as abelhas, por exemplo, a optarem pelo sacrifício supremo, de forma a garantir a sobrevivência das suas semelhantes.

Foster não foi o primeiro a debater-se com esta questão. Muitos outros o antecederam nestes estudos, e muitos outros se lhe seguirão, decerto. Já o próprio Darwin se sentia desconfortável por não encontrar uma explicação satisfatória, na teoria da evolução e selecção natural das espécies, para o facto de uma parte das abelhas de um enxame não se reproduzir, e se sacrificar com a própria vida, em combate, pelas suas companheiras.

Foster não negou a teoria da evolução e selecção natural das espécies. Apenas refere que a mesma, só por si, não justifica a evolução. É preciso acrescentar-lhe a “cooperação”. E, claro está, explicar o que é que está por detrás dessa misteriosa força.


O fenómeno biológico em estudo já cria bastantes interrogações à ciência.
Mas é completamente insignificante, se comparado com o fenómeno do altruísmo de Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Teresa de Calcutá, etc., etc.

Deixamos, então, aqui, este desafio à ciência: que nos dê a explicação biológica do comportamento dos seres humanos altruístas, como Jesus de Nazaré e muitos outros. Já só para falar nos casos extremos. Porque, para além dos nomes conhecidos, há muitas criaturas altruístas na Terra, a fazer o bem e a evitar o mal, alguns reparando, talvez, a sua própria contribuição nociva anterior, em estados mais imaturos, e, outros, em missão, que já não pertencem a este mundo. Eles são os meus heróis e o contrapeso, sem o qual este mundo seria ainda mais duro do que é.

Até a biologia vem confirmar que o que Jesus nos ensinou é também a chave para a sobrevivência da espécie a que os nossos espíritos estão actualmente associados.

Será que “Amai o próximo como a vós mesmos, e a Deus acima de todas as coisas”, para além do sentido espiritual, pode ter significado em termos biológicos? E será que não é Deus, o Nosso Pai de infinita bondade, que, para além de tudo o mais, é a Suprema Fonte da tal “cooperação”, que Foster constata na biologia e que se pode generalizar, talvez, a todo o universo?


Bem hajam

Por CEDAK.PT: Vítor Santos

Algumas fontes onde se podem encontrar alguns elementos sobre Kevin Foster e sobre os seus estudos


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Apresentação do blog

Conhecer a espiritualidade, de forma racional, sem superstições e sem preconceitos de qualquer espécie, é nosso objectivo.

Para que o conhecimento espiritual seja útil, não basta memorizar a informação: é necessário que o indivíduo a aceite para si e a interiorize. A aceitação deve ser simultaneamente da razão (entender) e do coração (sentir). Primeiro é preciso estudar o assunto, sem preconceitos, e, depois, então, teremos bases para aceitar ou para rejeitar a visão da vida que nos é proposta.

MAS O QUE É ISSO DE ESPIRITUALIDADE?

PODERÁ A ESPIRITUALIDADE SER RACIONAL?

ESPIRITUALIDADE E CIÊNCIA SERÃO INCOMPATÍVEIS?

Conhecimento espiritual não é uma fórmula para ter sucesso material aqui na terra, é antes resposta às velhas questões essenciais:

Quem sou?

O que faço aqui?

De onde venho?

Para onde vou?


Quem ou o que decidiu sobre nossa existência, sobre o seu valor?

Qual o sentido último do Universo e da existência humana?


Kant, lançando as bases da moderna Antropologia Filosófica, resume estas indagações numa só: "Que é o Homem?"

Por mais que procuremos, três caminhos apenas se abrem: da religião, da filosofia e da ciência.

Como nos demonstra a história da humanidade, as teorias científicas evoluem e, mesmo em ciência, não há certezas absolutas. Os mesmos factos podem vir a ser interpretados, no futuro, de outras formas, com base em novas tecnologias e novas perspectivas de abordagem da realidade. Assim acontece também com o conhecimento espiritual, vai evoluindo com a humanidade.

Ao criar este blogue, é nossa intenção fornecer informação e pistas para que o leitor que ainda não se dedicou ao estudo, possa encontrar uma nova perspectiva para a espiritualidade. O julgamento sobre a utilidade e a viabilidade dessa perspectiva cabe ao leitor.

A nossa atenção deve virar-se para uma fé baseada na razão, como fonte segura para se encontrarem as respostas necessárias a tudo o que actualmente nos rodeia. E é unindo a teoria à prática que se fecha o círculo do saber.

Já há 500 anos a.c, Gautama, o Buda, dizia:

Não creiais em coisa alguma pelo facto de vos mostrarem

o testemunho escrito de algum sábio antigo.

Não creiais em coisa alguma com base na autoridade

de mestres e sacerdotes.

Aquilo, porém, que se enquadrar na vossa razão e,

depois de minucioso estudo, for confirmado pela vossa experiência,

conduzindo ao vosso próprio bem e ao de todas as outras coisas vivas:

A isso aceitai como Verdade.

Por isso, pautai a vossa conduta.”

Sem dúvida que na ausência de factos, a dúvida é a opinião do homem prudente…

Albert Einstein (1879-1955) afirmou:

"A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso, passará pela vida sem ver nada. Estamos começando a conceber a relação entre a ciência e a religião de um modo totalmente diferente da concepção clássica. Afirmo com todo o vigor que a religião cósmica é o móvel mais poderoso e mais generoso da pesquisa científica. A ciência sem a religião é paralítica; a religião sem a ciência é cega."

Pegando também nas palavras de Richard C. Halverson, pastor americano, “No início, a igreja era um grupo de homens centrados no Cristo vivo. Então, a igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia. Depois, chegou à Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura, um negócio.

Não restam dúvidas de que Jesus foi o espírito mais avançado que alguma encarnou na terra. Os evangelhos, que relatam uma parte da sua vida e reproduzem as suas palavras, demonstram a inegável elevação moral e intelectual do autor, nós acreditamos nisso.

Hippolyte Rival, um académico do séc. XIX, matemático e pedagogo, adoptou o pseudónimo “Allan Kardec”. E foi ao descobrir a obra de Allan Kardec (a quem foi dado investigar os fenómenos de natureza espiritual e legando à humanidade uma obra) que se fez luz para nós.

Kardec chamou a essa nova doutrina de Espiritismo, Doutrina dos Espíritos ou Doutrina Espírita.

É necessário estudar Kardec, conhecer Kardec, para viver Jesus. Jesus é o Mestre por excelência e Allan Kardec é o discípulo fiel, já o dizia Bezerra de Meneses.


Nós identificamo-nos com a Doutrina Espírita, mas não com todos os livros espíritas que são publicados, com visões muito diferentes da vida em relação à Doutrina codificada por Kardec, e cuja fonte de credibilidade reside apenas na credibilidade pessoal de alguns, dispensando a rigorosa metodologia de verificação a que essas
obras deveriam ser submetidas antes de serem apresentadas ao público. Não abdicamos da nossa liberdade de pensamento e expressão do mesmo, nem nos sentimos presos a organizações ou a pessoas por se dizerem espíritas.

Já imaginaram se, a ciência, em vez de usar os métodos científicos, começasse agora a admitir que basta a credibilidade pessoal ou profissional do cientista, para validar o conhecimento? As melhores pessoas podem enganar-se e ser enganados. Nem em nós mesmos podemos confiar em absoluto.

E é bom recordar que ser médium não significa ser espírita, nem ser espírita significa ser médium: há médiuns espíritas como os há ateus e de todas as religiões e crenças. Ser espírita é, simplesmente, ser adepto das ideias essenciais da obra de Kardec, ou seja as relacionadas com a espiritualidade, é alguém que encontrou o mapa do tesouro espiritual

A posição espírita em relação à vida, não é mais do que o que ensinou Jesus de Nazaré que, bem interpretado, conduz à solidariedade, à preservação do corpo físico, evitando aquilo que o possa danificar e acelerar a sua inevitável degradação, à compreensão de que o amor, a tolerância, o perdão, a paz são objectivos indispensáveis ao progresso da humanidade.

Moisés lavrou, o Cristo semeou, o Espiritismo vem colher”, não o afirmou Kardec?

O Espiritismo não condena, mas esclarece; não ameaça, consciencializa. E muito mais que revelar o mal que há no homem, tem por objectivo ajudá-lo a encontrar o Bem. Motiva o auto-conhecimento e auto-aperfeiçoamento.

A Doutrina Espírita não é proselitista - não faz questão de conversões - o que ela vem oferecer são novas respostas aos velhos problemas do homem.

O Espiritismo não existe para as pessoas que estão satisfeitas com a sua fé, mas para aqueles que não estão satisfeitos. O Espiritismo é a chave da Bíblia e dos Evangelhos: o Livro dos Espíritos é sequência histórica e desenvolvimento natural da Bíblia. Deve-se concluir que a Bíblia é um erro? Não; mas que os homens se equivocaram ao interpreta-la. O verdadeiro Espírita não é o que crê nas comunicações, mas o que procura aproveitar os ensinamentos dos Espíritos. De nada adianta crer, se sua crença não o faz dar sequer um passo na senda do progresso, e não o torna melhor para o próximo" – Allan Kardec

Mas qual será então o futuro do Espiritismo?

- Léon Dennis, Emmanuel e Wantuil de Freitas respondem, respectivamente,
a esta questão:

"O Espiritismo será o que dele os homens fizerem."

Se o Espiritismo será a Religião do futuro? Não. O Espiritismo será o futuro das religiões.

O espiritismo caminhará com os homens, sem os homens e apesar dos homens…"

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.

O Espiritismo apresenta-se sob três aspectos diferentes:

- O das manifestações, o dos princípios de filosofia e moral que delas decorem, e o da aplicação desses princípios. Daí as três classes, ou antes, os três graus dos seus adeptos:

  • Os que crêem nas manifestações e se limitam a constatá-las: para eles, é uma ciência de experimentação;
  • Os que compreendem as suas consequências morais;
  • Os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.”

Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Conclusão, VII)


Bom estudo para todos.


Por
CEDAK.PT: Sérgio Machado

participe enviando-nos os seus estudos para:

cedak.pt@gmail.com

Deixamos a seguir vários filmes que mostram como tudo começou para Kardec: