domingo, 27 de fevereiro de 2011

Objectivos da mensagem de Jesus, interpretada segundo Allan Kardec

Olá

A cura dos males do corpo de carne cabe à medicina, cujos métodos, ou protocolos de tratamento, são ensinados pela generalidade das faculdades de medicina do mundo inteiro, ou com recurso a medicinas complementares, ditas alternativas, conforme os gostos e crenças de cada um.

As Associações Espíritas, são associações livres e autónomas, cada uma tendo a sua interpretação particular da doutrina espirita, mas não são, nem devem ser, do meu ponto de vista, locais destinados a curas físicas de qualquer espécie, o que não quer dizer que não hajam associações espíritas que possuam, hospitais, em que se pratica a medicina convencional. Em Portugal isso não é comum, que eu saiba, mas no Brasil, por exemplo, já é.

O próprio Jesus de Nazaré, de acordo com os relatos dos Evangelhos, aplicava a imposição das mãos para curar todo o tipo de maleitas, mas é muito claro que as curas serviam para motivar a atenção do povo e a fé. Não era a cura física o objectivo do nosso Mestre e Modelo. As curas de Jesus, de acordo com a crença espirita, não eram milagres, mas fenómenos naturais que Jesus, por via da sua extraordinária elevação espiritual. Jesus não é Deus, como muitos professam, mas, segundo a informação dos espíritos, que podemos ler na obra escrita de Kardec, foi o Espírito mais elevado que pisou a Terra. Contudo,  há muitos outros mestres espirituais, muito elevados, em missão aqui neste planeta.         

O passe magnético, que é usual ministrar às pessoas após as palestras, nas associações espíritas, corresponde a uma tradição, que tem a sua origem no facto de Allan Kardec acreditar no magnetismo animal, técnica de cura inventada por Mesmer, seu contemporâneo. Mesmer começou por usar magnetos (usualmente designados ímanes), convencido que curavam. Mais tarde verificou que, sem os magnetos, também era possível curar e dispensou-os, mas o método de cura continuou a chamar-se magnetismo. Na medicina convencional esta técnica não vingou, como sabemos.

Quando recebo o dito passe magnético, o que sinto é que fico num estado um pouco mais relaxado. E isso é bom, por isso não vejo inconvenientes. Mas não é uma cura.

No Oriente havia e ainda há uma maior crença nestas técnicas, por exemplo a acupunctura, o Reiki, etc. E foi do Oriente que nos chegou esse conhecimento milenar, embora alguns espíritas o atribuam a psicografias recebidas por médiuns no século XX.

De toda a informação que tenho lido, admito que existam algumas poucas pessoas com uma capacidade especial para curar e diagnosticar, sem meios de diagnóstico e instrumentos médicos,  com ou sem imposição das mãos sobre o doente. Mas como a cura  é algo que os seres humanos procuram avidamente, sobretudo aqueles que já perderam as esperanças na medicina convencional,  pode mover muito dinheiro. E isso faz do curandeirismo algo muito apetecível para os charlatães. Mesmo admitindo que  são pessoas sérias, não é fácil manter essa prática, pois quando a quantidade de pessoas que os consulta começa a aumentar, eles têm de recorrer a auxiliares, que se corrompem fácilmente, devido à pressão das pessoas para passar à  frente umas das outras.

Um dia, a ciência poderá explicar as curas especiais e os curadores. Por enquanto mantenho-me algo céptico em relação a isso. Nem me dou por convencido, nem nego a possibilidade.      

Então qual é a mensagem espiritual fundamental?
  • A vida é eterna (todos somos espíritos eternos, ligados privisóriamente a um corpo);
  • As encarnações do espírito que somos, são em grande número. Podem ser num mundo precário, como a Terra é actualmente (um autêntico purgatório), ou em mundos mais felizes;
  • Para alcançar os mundos mais felizes (os céus - para os católicos), é necessário que nos saibamos comportar lá, onde a fraternidade e o amor ao próximo impera. Onde as funções são distribuídas e exercidas por aqueles que têm mais capacidade para as realizar, de forma a salvaguardar o bem comum e a solidariedade (olhemos de forma rigorosa e honesta, sem o orgulho, que nos impede de nos auto-conhecermos, ou seja de reconhecermos as nossas próprias imperfeições, e fácilmente compreendemos que, nesses mundos mais perfeitos, seriamos um estorvo, ou seja, elementos de perturbação).
  • Todos partimos espíritos simples e ignorantes, com capacidades semelhantes de progredir e atingir uma felicidade, cada vez maior, até à absoluta felicidade dos Espíritos Puros. O tempo  que demoramos a alcançar esse estado, é a única variável que podemos controlar.
  • A lei do progresso é infalível. A velha canção, "Coimbra", cantada por Alberto Ribeiro, sobre a vida dos estudantes de Coimbra refere: "só passa quem souber", tal como no mundo espiritual só passa quem merecer. A reprovação, ou seja a continuação da encarnação em mundos infelizes, é o verdadeiro castigo, para aqueles de nós que já compreendem e sentem que existem mundos mais felizes.
  • Aqueles de nós que ainda se sentem satisfeitos perante a brutalidade, sentem-se felizes em planetas como a Terra. Mas a dureza da vida acabará por os vergar, aumentar a inteligência  e,  a  partir de determinado grau de inteligência, a sensibilidade moral, de tal modo, que, a seu tempo, inevitavelmente evoluiremos.                
VS   

domingo, 13 de fevereiro de 2011

EGIPTO - UM EXEMPLO PARA O MUNDO!

O povo egípcio mostrou ao mundo a sua garra. Mas foi a capacidade de união que deu a vitória aquele povo. 

Que sentido de comunidade, num povo esmagado pela tirania politica e económica, com um rendimento per capita tão baixo. As divisões religiosas, as divergências politicas, as divergências pessoais, foram ultrapassadas.

A propósito do poder, respondem os espíritos às questões 931 e 932, de Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos":  

931. Por que são mais numerosas, na sociedade, as classes sofredoras do que as felizes?

“Nenhuma é perfeitamente feliz e o que julgais ser a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. Quando a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre.”
932. Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
“Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão.” 

No Egipto, que para mim se diz e escreve com "p", por enquanto, os bons (ou seja, os que , ao momento, são moralmente mais avançados), venceram com base na força que a união lhes trouxe.

O problema agora,  é o que se vai suceder. Ainda que o mais provável seja uma situação tal como a  caracterizada  por George Orwell, na fábula "O triunfo dos porcos", ficamos a torcer para que, pelo menos, seja nomeado alguém para governar que consiga proporcionar a melhoria das condições de vida daquele povo. Ainda que os governantes se "governem" bem a si mesmos, pois a missão deles é difícil, que mereçam  a recompensa, pelos serviços prestados ao seu povo.     

Gostava, por fim, de esclarecer que parte das democracias da Europa, do mundo, tais como a portuguesa, não estão assim tão longe do "Faraó" deposto. Mas os portugueses estão longe da capacidade de união do povo egípcio. Ainda há pouco mostraram o seu alheamento, com uma tão elevada abstenção, nas últimas eleições. Numa época em que é tão preciso mostrar, pela positiva, a todos os políticos ,que estamos cá, que estamos atentos, olhámos para o lado, a assobiar, como se não fosse nada connosco.

Os governantes aqui, tal qual o velho Faraó, olham o povo das classes média baixa e baixa, de cima para baixo, como se se tratasse de gente de segunda. A aparência de liberdade e democracia, esconde grande hipocrisia, em muitos dos políticos, sejam eles do governo ou na oposição. O voto é livre, os representantes são eleitos, mas o poder não é o do povo. O interesse do conjunto, das Nações, está a ficar para trás. A solidariedade para com aqueles que são mais fracos, que não têm voz, é cada vez menor. 

Aprendamos com o povo Egípcio e votos de sucesso para a revolução das ruas desse povo milenar, cuja história tanto marcou a humanidade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Descomplicando a relação ciência-espiritismo

Há quem estabeleça explicações complicadissimas, com termos da ciência material, ou convencional, para tentar demonstrar que as coisas do espírito existem e para chegar às leis que governam o mundo espiritual.

Na nossa limitada compreensão, o que nós espíritas necessitamos, no âmbito da ciência convencional,  não é de dizer ou escrever palavras caras ou cientificas, mas da confirmação da maioria da comunidade cientifica, de que há fenómenos espirituais, que, não só ocorrem, mas que não têm uma explicação cientifica alternativa.

Sem esta base de trabalho, não podemos esperar nem dizer a ninguém, com verdade, que a ciência convencional explica o espiritismo, como é comum ouvirmos dizer.
Allan Kardec era um homem com uma mentalidade cientifica. E tentou abordar as questões de acordo com essa forma de ver o mundo. Sendo ele mesmo um académico, nem seria de esperar outra coisa.  Contudo as investigações dele já datam de há mais de 150 anos.

Entretanto a ciência evoluiu muito. No século XXI os meios de investigação são muito mais poderosos do que século XIX. É necessário estudar os fenómenos com base numa metodologia semelhante á de Kardec, mas com base nos conhecimentos e meios científicos actuais.  

De que serve dizer aos cientistas que este ou aquele espírito disse, por intermédio de médiuns, isto ou aquilo? Primeiro é preciso mostrar que a comunicabilidade dos espiritos é um fenómeno efectivo e não é invenção  ou ilusão dos que se dizem médiuns.

Assim, enquanto espiritos de ordem superior à nossa não resolverem que vão convencer a comunidade cientifica a virar-se para seriamente para a investigação das coisas do espírito, de alguma forma (que nós nem imaginamos qual será), parece-nos que a postura mais correcta, para nós espíritas, é dizer: a ciência convencional não confirma nem desmente as coisas do espírito. Pura e simplesmente não as estuda. As evidências dos espíritas residem na comunicabilidade e nas comunicações dos espiritos através de médiuns, nada estando confirmado pela ciência convencional.

Mas será que o ateísmo é, então, a postura da ciência? 

- A resposta é clara: Não! 

A ciência só tem posição sobre aquilo que estuda, podendo tirar uma de três conclusões sobre os factos que observa:

- A ciência convencional explica o facto, ou
- A ciência convencional não explica, ou ainda não explica o facto, ou
- A ciência ainda não estudou o assunto.
Em relação às coisas do espírito, a postura da ciência não é, certamente a primeira possibilidade. Os cientistas baseiam-se em provas cientificas e não em palpites, seja de quem for. 

O ateísmo e o materialismo ( a palavra materialismo, neste contexto, significa: a postura de quem não acredita na possibilidade de existir algo mais do que a matéria), são, contudo, menos lógicos do que o espiritualismo, na medida em a ciência afirma que o universo foi criado, avançando estimativas para a idade e dimensão do mesmo.

A criação é algo que a humanidade ainda não compreende, sendo a inteligência das mentes mais brilhantes completamente incapaz de criar um universo assim. Tomara à humanidade compreender o universo, quanto mais criá-lo.

Aqueles que defendem que a criação é uma combinação fortuita de partículas materiais, acreditam de que, de nada, pode sair alguma coisa. Se o universo foi criado, é porque não existia antes ,  tal como a ciência admite. É muito mais credível do que pensar que há uma Inteligência Suprema, Causa Primeira de todas as coisas e chamar a essa  inteligência Suprema "Deus", "Alá", ou outro nome qualquer, pois o nome pouco importa.